sábado, julho 16, 2005

Entrega

A verdade é que me tenho sentido muito mal. Mesmo muito mal! Não entendo o que se passa comigo. Estarei a perder o resto de brio e moral que habitavam em mim? Eu não tenho culpa. Esforço-me ao máximo mas, parece que algo rompe em mim como um grito estridente na noite. O que me está a acontecer? Fui ao psiquiatra e ele disse que é perfeitamente normal e que não tenho nada com que me preocupar. Estão todos loucos? Normal? É normal?
A minha cabeça gira e torna a girar. Tento aceitar como algo natural que é comum a todas as pessoas mas, é tão estranho e bizarro. Nunca passei por tal! Tento esconder ao máximo dele para que não me ache louca. Tenho vergonha do que possa pensar de mim. São desejos que disparam instantaneamente. São mesmo assustadores. Uma vontade imensa de copular obscenamente. Se eu nem em ocasiões normais senti tanta sede carnal, qual será a razão de tudo ter disparado justamente agora que não posso? É que não posso mesmo! Não me importa o que dizem! Gritem e afirmem que é normal pois para mim não é! Lutarei até aos confins da minha alma para aguentar esta sedução pela tentação. Não me vencerá!
Confesso que não vou aguentar. É demasiado forte… A luta é injusta porque eu estou muito indefesa e o ataque é feroz. Que raiva da natureza e de todos os seus jogos biológicos. Eu tenho que me mentalizar que agora sou duas vidas numa. Eu agora transporto alguém comigo. Sou responsável por essa pessoa.Hoje sucumbi. Um homem aproximou-se de mim no fim do almoço quando repousava sentada num banco do centro. Meteu conversa com jeitinho e começou a dar a entender o interesse. Eu não estou bem… Queria tanto insultá-lo de tudo e chamar-lhe de pervertido e tarado sexual mas eu estava possuída por ele. A vontade era tanta que eu nem pensei em mais nada. Devagarinho conduziu-me à casa de banho e eu fui com um sorriso devasso. Sem ninguém ver, satisfez-se e satisfez o meu corpo. Chorei durante todo o tempo. Ali estava eu, mulher casada, a ser infiel pela primeira vez, manipulada por um desconhecido o qual não teve que se esforçar minimamente para conseguir a minha entrega. O meu corpo monumental desconchavava-se no ar com aquela força de movimentos. As lágrimas queriam limpar a minha vergonha e humilhação. Atingi o limite da minha podridão humana. Eu nunca deveria ter deixado… Grávida de oito meses… Ele entrava agora por mim a dentro, sôfrego nas suas fantasias, feliz da vida por receber tal manjar dos deuses. Usava as entradas que queria. Até isso… Até o cantinho melhor guardado por mim, sempre desejado pelo meu marido e que sempre lhe recusei, até esse lhe entreguei. Lamentava-me em dores mas nada podia fazer senão apagar aquele fogo que me consumia há meses. Nem o respeito pelo meu filho impediu tal desgraça. Ele acabou dentro de mim, olhou para mim perdida no choro e sorrindo disse, gozando, que ao menos não corria o risco de engravidar por já estar… Que humilhação e pior que tudo, ter adorado aquela depravação e cedência corporal. Ele pediu para que o limpasse com a boca e forçou-me a agradecer pelo seu esforço. E eu assim o fiz. Ele saiu e fechou a porta. Ali fiquei horas e horas perdida. Não fui trabalhar. Saí dali passadas umas horas, com o vestido um bocado rasgado e sujo. Os homens olharam estupefactos para mim, grávida, numa casa de banho masculina. Olhei para mim no espelho e vi o cabelo despenteado, o vestido rompido e a cara pegajosa e envernizada. Senti-me viva. Sorri por ter ali deixado qualquer valor que perdurava da minha consciência. Cheguei e nem me lavei. Quis deixar todas as provas do momento perdurarem em mim. Ele chegou passado um bocadinho e fez me festas, todo contente, e eu sorri para ele. Pobre inocente e ingénuo. A resistir às suas vontades há tanto tempo por amor a mim e ao nosso filho. Se algum dia pudesse imaginar, que faria ele? Nem quero pensar. Fica a ser o segredo mais obscuro que alguma vez tive.

4 comentários:

Anónimo disse...

CREDO!!!!

k horror... axo k nunca faria uma coisa dessas ...


bem sr. edgar ... continua.. cm sempre gosto muito de t ler ..hj n tou é inspirada pa coments .. alias.. nc estou :P lol

bom fds *

Anónimo disse...

Mais um excelente conto Ed.
Um pouco surreal, ou real demais..Magnifico apenas

baci*
rose

Anónimo disse...

Perversão!!
De qq forma...gostei da surpresa do tema :)! Tens ke ver menos filmes ehehe Beijokas :P

Joanne disse...

Está magnifico...não consigo dizer mais nada...