quinta-feira, julho 07, 2005

Horário

04:17 O céu está limpo e corre uma brisa amena. As ondas batem suaves nas grandes pedras. Não avisto ninguém. Um carro ou outro passa lançado de longe a longe.
05:17 Continua tudo calmo. Está mais fresco.
05:28 Aproxima-se um grupo de adolescentes bêbedos. Passam por mim animados. Permaneço imóvel.
05:49 Uma ratazana passa aos meus pés. É enorme.
06:11 Começa a aclarar. O negro azulão perde a guerra aos tons cinzento alaranjado. A padaria da esquina já abriu. Algumas velhotas já circulam pela rua.
06:29 Um cão castanho médio urinou na jante frontal direita da minha carrinha. Já vejo o sol.
06:35 Uma rapariga com cabelo castanho claro pintado, um metro e setenta, sessenta e cinco quilogramas, olhos castanhos, um sinal forte no pescoço, camisola vermelha e calças brancas passeia um pastor alemão com coleira vermelha e trela verde-escuro. Olhou para mim e desviou o olhar rapidamente. O tráfego rodoviário aumentou consideravelmente.
07:02 Uma gaivota pousou perto e ali parou. Com um gesto bruto afastei-a.
07:05 Estou com altos níveis de ansiedade. Olho desesperado para o vazio à procura do sossego para a sedenta alma. Nada… A força cresce exponencialmente em mim. A atenção redobra intercalada com monótonas paragens cogitares. Estou calmo. Demasiado calmo…
07:31 Um rapazito, sentado perto de mim, enquanto a mãe fala com uma amiga, não pára de pôr musicas irritantes a tocar no telemóvel. Irrita-me tumultuosamente. Afasto-me rapidamente. Não estou em condições de suportar testes à paciência. Dói-me o rabo e as costas de ter ficado ali sentado três horas.
07:35 Está fresco. O mar está agradável. Imagino como seria o mar sem ondas, condenado a uma paralisia crónica. Corto uma rosa rosa vulgar. Amarfanho-a e as pétalas separam-se do cálice. Sinto o cheiro agradável, abro a mão e sacudo-a rapidamente ao ver uma bicha-cadela que estaria certamente entre as pétalas.
07:55 Estou muito carente e instável. As sensações bailam em mim como um barco, em mar alto, num dia de tempestade. Olho cabisbaixo para o chão cimentado irregularmente. Horrível esta sensação de nada. No telemóvel vejo número por número da lista. Desconheço todas estas pessoas. Preciso rapidamente de uma dose de carinho puro para dissipar o mal crescente em mim.
09:47 Um casal de namorados passa por mim. Ejaculam felicidade e harmonia. Ela cheira muito bem. Tem uma camisa amarela finamente translúcida e um soutien negro visível. Erro crasso. No máximo tolerar-se-ia um soutien branco. Saia de ganga negra. Cuecas de algodão rosa bebé. Chinelos. Óculos DG. Cabelo castanho unicamente vulgar. Olhos castanhos vivazes. Ele é um homem. Dou meia volta e sigo-os.
10:01 Pararam numa esplanada. Sentei-me a três mesas de distância. Ela pediu uma garrafa de água fresca. Ele pediu uma aguardente e um café e pegou no jornal desportivo abandonado na mesa ao lado. Ela olha para ele pedindo atenção silenciosamente. Ele nem repara nela e mantém a concentração no jornal.
10:03 Peço um copo de leite morno com groselha.
10:05 Ele da maneira que bebe demonstra ser um apreciador. Tem aspecto de estar bem na vida. Fico a olhar para eles. Ela tem entre vinte cinco a vinte e sete anos e ele aparenta ser mais velho. Induzo que não são casados. Leio os olhos dela. Ela sente-se protegida por ele. Tem dúvidas que ele goste dela. Precisa de mais afecto e atenção. Levantam-se e seguem caminho. Ele coloca o braço à volta dela. Sigo-os.
10:23 Chegam a um opel astra negro de matrícula 25-82-JI. Entram e desaparecem da minha vista. O mar está muito calmo. A temperatura aqueceu.
12:59 Encontro a minha carrinha. É linda. Totalmente negra exceptuando as matrículas e os espelhos retrovisores. Todos os vidros incluindo os dos faróis são fumados. É uma mancha negra que se move na estrada. Adoro-a.
13:22 Adormeço.
20:19 Acordo. Vou até à padaria comer qualquer coisa.
22:11 Chego ao pavilhão abandonado da minha antiga fábrica de meias desportivas. Tiro a rebarbadora e a máquina de soldar da mala. Começo o trabalho.
07:07 Trabalhei toda à noite. Está tudo pronto. Estou exausto. Tomo um banho.
07:39 É domingo. Dia de trabalhar voluntariamente. De manhã no centro oncológico e de tarde na unidade de queimados. As crianças são engraçadas. Para elas tudo é fácil. A racionalidade dos adultos estraga tudo. As vezes perguntam-me a razão para eu ter cabelo…
18:01 Cheguei a casa. Estou instalado na minha poltrona a comer gelado. Estive o dia todo a fazer gelatina para os miúdos.
18:29 Adormeço profundamente.
22:41 Acordo e vejo a roupa toda suja do gelado que acabou por cair por ter adormecido com a taça na mão. Arrasto-me até à cama. Adormeço instantaneamente.
06:57 Passeio pelo jardim. Como habitualmente, toco em todos os troncos de árvore lembrando-as que ainda não as esqueci.
09:16 Vou ter com o meu velho colega de escola que trabalha nas finanças. Explico-lhe que no fim-de-semana vi uma amiga que tinha perdido no tempo, ao longe, dentro de um carro do qual só tive tempo de memorizar a matrícula. Insisti que era importantíssimo revelar-me a morada do dono do carro pois precisava encontrar-me com ela. Renitente, deferiu. Com um abraço, despedi-me dele, satisfeito por ter atingido os meus objectivos.
11:12 Encontrei finalmente a casa. Parece vazia. Puxo o banco para trás e observo.
13:12 Chegam finalmente no opel astra negro. Que saudades tinha do mover dela. Entram em casa.
13:49 Saem de casa. Ela mudou de roupa. Sigo o carro.
13:54 Ele deixa-a numa loja de perfumes e vejo-a a abrir as portas. Certamente será a dona.
13:57 Estaciona e entra num prédio de escritórios. Abandono o local e retorno à perfumaria.
14.14 Vejo-a limar as unhas.
14:38 Entrou uma cliente e comprou qualquer coisa.
15:08 Foi à casa de banho.
15:23 Atendeu um telefonema.
15:41 Um velhote entrou e comprou um perfume.
16:33 Bebeu um iogurte líquido e comeu três bolachas integrais.
16:47 Um casal jovem de namorados entra, perguntam qualquer coisa e saem.
16:54 Um homem compra uma grande caixa negra e saiu com ela toda embrulhada.
17:19 Atendeu um longo telefonema.
17:32 Regou os vasos com uma garrafa de água.
18:06 O homem chega, entra e ajuda-a a fechar a loja. Saem.
18:44 Estacionaram num centro comercial.
19:23 Ela escolheu um anel numa ourivesaria e ele deu-lhe. Ela trouxe-o no dedo.
19:36 Entraram no hipermercado.
20:19 Saem com um carrinho atolado de compras. Chegam ao carro e põem as compras na mala. Há ainda pessoas no parque de estacionamento mas poucas. Não se vão já embora. Levam o carrinho ao sítio e voltam a entrar no centro comercial.
20:24 Sentam-se num restaurante mexicano e comem algo que não identifiquei.
21:27 Estão na fila para comprar bilhetes para o cinema.
21:30 Estou sentado atrás deles. Ele acabou de lhe dar um beijo. Ele nem pestaneja durante todo o filme. Ela olha muitas vezes para ele.
23:33 Dirigem-se para o parque de estacionamento. Está deserto. É o momento perfeito. Carnívoro, irrompo de energia e aplico-lhes simultaneamente um golpe no pescoço caindo os dois no chão. O homem resiste. Levou uma pancada com a arma na cabeça. Ninguém viu. Apresso-me a empurra-los para dentro da carrinha. Entro. Estou a transpirar por todos os lados. O coração está aceleradíssimo. Torno a olhar para todos os lados. Tudo calmo. Demasiado calmo… Saio do parque de estacionamento.
01:13 Estaciono dentro da fábrica. Meto cada um na sua jaula que soldei ontem durante toda a noite. Tranco-as. Adormeço no chão frio.
07:21 Acordo com um barulho ensurdecedor. O homem debatia-se violentamente em desespero dentro da jaula. Ela estava sentada a chorar. Tinha batido com a cabeça em qualquer sítio e tinha um corte na testa a sangrar. Fui buscar a mala de primeiros socorros. Pedi-lhe que se aproximasse e tratei-lhe da ferida. Ela estremeceu quando lhe toquei com o algodão.
08:11 Fui a pé até ao centro comercial que ficava a 8 quilómetros dali. Tinha-lhe tirado as chaves do carro ontem. Entrei no carro e trouxe-o para a fábrica para não levantar suspeitas.
11:11 Entrei dentro do armazém. Ainda lá estavam. As jaulas foram muito bem feitas. Aquele carro até que é muito suave de se conduzir.
12:02 Soltei a mulher e disse-lhe para entrar para trás na carrinha. Ela fez tudo direito. Ele furioso gritava-me… Saí do armazém até ao meu pinhal.
12:20 Estacionei. Entrei na parte de trás. Vendei-a e disse-lhe que a ia soltar. Disse-lhe que podia fugir à vontade e que eu não iria de maneira nenhuma atrás dela. Atei-lhe os braços para não tirar a venda. Soltei-a e fiquei a ver… Mal a soltei, desatou a correr descontroladamente até embater num pinheiro. Levantou-se e correu até tropeçar numa pedra. Lá andou a arrastar-se pelo chão, a tropeçar a bater contra os pinheiros até desmaiar de cansaço… Bastava-lhe ter seguido calmamente o caminho, até chegar a qualquer sítio povoado… Prometi-lhe que não iria atrás dela e não teria ido. Peguei nela. Estava toda arranhada e aleijada. Meti-a na carrinha e segui de novo para o armazém.
12:35 O marido estava a dormir. Despi-a, lavei-a completamente e tratei das feridas. Tem um corpo lindo tal como eu já sabia. Deitei-a dentro da jaula e fechei. Abri a mala do carro para ver o que eles tinham comprado ontem. Basicamente só comida. Comi qualquer coisa e pus a comida perto das jaulas para que se servissem. Saí dali no carro. Fechei tudo muito bem.
13:48 Estacionei frente à praia. Adormeci.
21:07 Acordei muito bem disposto. Fui até um bar que havia perto da praia. Bebi um sumo de laranja natural e fiquei a ver as actuações do karaoke. Participei três vezes.
03:11 A esta hora já deve ser seguro ir a casa deles.
03:14 Abro o portão automático com o comando e estaciono o carro à entrada para que os vizinhos o vejam de manhã. Experimentei todas as chaves que eles tinham nos bolsos até encontrar a certa. Um caniche branco, pequenino e querido vem de encontro a mim a ladrar. Cheira-me uns minutos e depois segue a vida dele. Como não encontrei a comida dele pus a cozer um bocado de carne para lhe dar de comer.
03:19 A casa é bastante agradável. Um odor exótico agradável paira no ar. Pena os quadros serem imitações vulgares. Subo até ao quarto principal. Nada de especial… O normal… Ela gosta de se sentar à noite frente ao espelho. Não gosta da sua imagem. Toma imensos calmantes e anti-depressivos. Tem péssimo gosto para escolher roupa interior. Na mesinha de cabeceira para além de imensos comprimidos tem chaves, bastantes jóias, um batom, um pacote de bolachas e um livro. Ele tem apenas um relógio e um telemóvel fora de uso.
03:22 O colchão é muito mole. A casa de banho está uma lástima em termos de limpeza. Um caixote de lixo a abarrotar de papel e pensos higiénicos. A explicação está na sanita. A saída não tem diâmetro suficiente. O mais certo é que entupa muitas vezes. Lamentável e tão simples de resolver com uma nova… O lavatório está cheio de pelos da barba. A banheira é pequena e possui muitas manchas de calcário. Azulejos pirosos… Odeio estas portas foleiras de contraplacado.
03:36 Desci até à cozinha e dei a carne ao cão que estava esfomeado pois até comeu a ferver. A sala é acolhedora. Adormeci a ver o álbum de fotografias.
07:00 Acordo com o alarme do telemóvel. Olho para a estante. Livros falsos para decoração? Não é possível! Enfim… Fecho tudo direito. Deixo ficar o carro e preparo-me para uma grande caminhada até à fábrica. Ponho a trela no cão e sigo com ele pela rua fora. Ninguém me viu.
11:09 Entro na fábrica. Ela emociona-se ao ver o cachorrinho. Ele olha-me furioso certamente a pensar na razão para eu estar com o cão… Comeram que se fartaram. O chão tem restos, papéis e sacas por todo o lado. Meti o cão na jaula dela. Ela deu-lhe bolachas mas ele não comeu de tão farto que ainda estava. Quando me virei de costas, ele aproveitou-se e atirou-me uma laranja à cabeça. Olhei para trás controladamente. Empunhando a arma, abri a jaula, agarrei nele, puxei-o para fora e atirei-o ao chão. Dei-lhe uma grande paulada nas costas com um cabo de uma sachola. Certifiquei-me que ele não tinha partido nenhuma costela e meti-o novamente lá dentro. Abri a jaula dela e ordenei-lhe que arrumasse aquela lixeira toda. Ela silenciosa e a choramingar lá arrumou tudo enquanto olhava para o marido gemedor.
13:33 Trouxe quatro baldes de água limpa, um pano e um champô. Disse-lhe a ela para se lavar primeiro e depois lavar o marido. Observei. O amor entre eles tinha crescido. Já se valorizavam mais. Começavam a notar a importância dos sentimentos. Ela lavou-o com muito carinho. Deixei-os ficar juntos na mesma jaula. O cão ficou comigo. Disse-lhes que o melhor seria descansarem pois amanhã é dia de trabalho.
04:30 Acordo-os e atiro-lhes uma venda para porem. Entram na carrinha. Levo-os para a minha casa perdida em árvores.
05:11 Entrego-lhe uma pá e a ela uma sachola. A ele explico que tem que de ser feito um buraco de quatro metros de comprido, três de largura e três de fundo. Só pode parar quando desmaiar ou quando terminar. A ela ordenei que sachasse um campo inculto de doze metros por dez e que também só poderia parar quando acabasse ou perdesse os sentidos.
08:23 As mãos destreinadas não lhes vão permitir trabalhar muito mais tempo sem dor extrema. Ele está a cavar com toda a força e ela muito calminha e certinha.
11:36 Ele pergunta-me se não vão comer nada nem descansar. Eu digo que não.
13:27 Ele já gastou as energias todas e cava descompassadamente. Ela já vai quase a meio e continua com o seu ritmo certo. Já estão a trabalhar desde as cinco da manhã sem comerem. O sol bate a pique. Entrego um chapéu a cada um.
16:48 Ela terminou. Ele está muito longe do fim. Autorizei-a a ajudá-lo. Ele insultou-me e perguntou se o buraco seria grande o suficiente para me enterrar. Ela olhava para ele frequentemente. O peito dele estava todo suado e sujo de terra. Os dois tinham as mãos em sangue. A pele arrancada das bolhas estava colada nos cabos da pá e da sachola. Estavam completamente exaustos e desidratados. Ela é muito orgulhosa. Ele é fraco. Ela tem valores muito prezáveis. Ele viaja na vida insatisfeito.
17:51 Ele atirou a pá ao chão e disse que eu o podia matar mas que não fazia mais nada. Disparei um tiro certeiro a 10 centímetros do pé dele. Ele agarrou a pá e cavou com energias revitalizadas. Ela ficou em estado de choque com o disparo. A cova já passou o meio.
21:30 Está completamente escuro. Liguei os focos. Ele acabou de desmaiar. Ela continua. Eu olhei para ela. Arregacei as mandas e ajudei-a. Ela olha para mim, surpreendida pela força, habilidade e acto.
02:19 Termina-mos o buraco. O homem já acordou e está sentado a um canto. Fiz-lhe uma festinha na bochecha. Ela olhou para mim tristinha. Foi-se sentar ao lado dele. Sentei-me também e fiquei a vê-los. O amor inicial deles tinha renascido. As mulheres são muito mais resistentes que os homens. Começaram a beijar-se e descontrolaram-se. Rebolaram pela terra nus. Friccionavam-se desesperados como se não fizessem amor há anos. Começaram o sexo mais excitante que alguma vez tinham tido. Ali estavam eles, perdidos no meio do nada, de noite, num buraco, sujos, famintos, em mau estado físico com um possível psicopata, sem saberem nada do que lhes pode vir a acontecer mas, naquele momento tudo parou e amam-se, desesperadamente, sem mais nada importar. Parecia tudo tão carnal mas havia tanto sentimento… Durante mais de meia hora fundiram-se e gritaram exaltados. Os gritos ecoavam no vazio. Era extremamente excitante vê-los completamente loucos. Possuíam-se aflitivamente, cada vez mais. Estavam completamente coloridos de terra. Ela a ter vários orgasmos simultâneos. Gritava demente e louca. Contorcia-se freneticamente. Ele tinha criado energias do nada e cumpria magnânimo, animalesco. Ele finalizou o acto e deitou-se para trás. Ela, com uma expressão facial alucinada demora uns segundos a voltar à realidade e deita-se ao lado dele abraçada e exausta. Acho que se esqueceram da minha existência e presença. Adormeceram nos braços um do outro. Ali fiquei, a ouvi-los ressonarem.
07:23 Amanheceu devagarinho.
12:43 Ela acordou e dá-lhe um beijo e depois volta à verdadeira realidade e levanta-se num ápice. Olha para mim, sentado num canto, ainda acordado. Eu olho para ela. Que olhares poderosos. Ela entende-me. Já não tem tanto medo de mim. Levanto-me. Ela pergunta-me a razão pela qual só ouço piano. Olho para ela espantado e desvio o olhar, furioso com a atenção dela. Acordo-o com o pé bruscamente. Ele exalta-se violento… Com um novo toque agressivo de calcanhar lembro-lhe que ele não manda ali. Pergunto-lhes se sabem para o que é o buraco? Ele diz que não sabe. Olho para ela. O seu silêncio disse tudo. Ela sabia o que o buraco lhe tinha dado. Sorriu para mim fascinada.
14:37 Eles estão de volta à jaula, separados, nus e sujos e ainda famintos. Hora de dormir. Estou exausto.
03:54 Acordei. Estão a discutir o que lhes vou fazer. Ele acha que eu os quero matar. Ela diz que não.
04:32 Entro em crise interna e canso-me de os ter ali presos. Entro em depressão. Acho que já os ensinei um pouco mais a apreciarem a vida. Entro na jaula dele, possuído e dou-lhe uma grande pancada na cabeça. Ele cai, inconsciente. Meto-o na carrinha. E peço-lhe a ela para entrar com o cão. O fim disto deveria ser muito mais requintado, elaborado e genial mas cansei-me!
05:03 Ninguém nas ruas. Carrego o corpo para dentro de casa. Meto-o na banheira. Ela lava-o a meu pedido, ajudando-a por vezes a movimentar o corpo, e veste-lhe o pijama. Ponho-o na cama.
05:05 Ela olha para mim e eu para ela. Digo que chegou o tempo de partir. O olhar dela é complicadamente terno. Aproxima-se de mim e beija-me pouquinho talvez como agradecimento por ter mudado a sua vida. Como uma explosão de radiação cósmica beijamo-nos intensamente. Eu afastei-me. Deitei-a na cama. Beijei-lhe a testa. Injectei-lhe um poderoso sonífero e disse-lhe adeus enquanto o olhar dela se perdia… Empurrei-o contra ela e pus o braço dele sobre ela… Fiz uma festa ao cão… Sai de casa... Não sabem onde estiveram. Não viram locais, matrículas ou qualquer referência à minha pessoa. No dia seguinte passei lá e vi o marido prestar declarações à judiciária.

Passaram 7 anos. Casaram. Tiveram uma filha. Avivaram o amor. Ela ainda tem a perfumaria e por vezes vê-me olhar para ela de fora da loja. O marido valoriza mais a vida e o que o rodeia. Agora vive intensamente. Ela está feliz. Tem tudo o que sempre desejou… Ou quase tudo… E eu… Eu...

5 comentários:

Anónimo disse...

:) Gostei :) este relato minucioso de loucura lol Gostei pelo efeito surpresa ;) e é como a frase" pequenas coisas que faltam na vida tornam as grandes incompletas" da música Pequeno Pormenor dos xutos :P
Mas a musica yachh lol
beijokas

Anónimo disse...

LOL pronto ....confusion com a musica :P é linda é lol tava a ouvir sons de outro planeta :P

Anónimo disse...

lindo lindo lindo.........e ler ao som da música fica genial...parabéns

adriana

Anónimo disse...

Miminho...adorei! Tá fantástico! Beijokas *****

mizz_lina disse...

ta d+. eu sou tao banal. lool so tenh isto a dizer. d+. espero k n t importes. :)*