sábado, junho 04, 2005

Pois

Malditos jogos preconcebidos de incompatibilidades horripilantes. Monstros andantes viscosos que deixam rastos brilhantes. Putrefacção mental e mais que tudo emocional. Irascibilidade existencial em dedos rompidos por trabalhos de injustiça diferencial. Sonhos de realidades acontecidas na ilusão da distribuição psicotécnica geográfica. Corre e gira na depressão pois terás uma mistura inorgânica na espera. Vive e assim alimentas vidas em búzios compositores de sinfonias cacofónicas de motores de pesadas máquinas. Ganâncias de bens irreais incapazes de serem transportados. Orgasmos admitidos e orgasmos não admitidos e não orgasmos admitidos e não orgasmos não admitidos.
É isto? É isto? Pois que acabe!
Cruzadas galopantes em solos oleaginosos. Patadas que marcam chãos de mármore esmeralda. Sinos em que os badalos são os braços onde a tua mão segura uma bola de ferro que embate esmagando e despedaçando dedos que em tempo te permitiram mexerem. Obsessões pelo ridículo do ser em radiações confortáveis do progresso. Necessidades de confraternizações plásticas. Só se constroem itens destrutíveis poupando riscos de falha pré-assumidos. Luas metálicas de decoração carnal em que há regressão existencial por tecidos rotos em prol da contradição da criação. Noites demoníacas de azo distorcido. Fantasia de prazo expirado em torno real. Mobílias que não cansam de torcer. Pernas que desaparecem em areias movediças. Ignóbeis bruxas da parvoíce egocêntrica. Maravilha surpresa de cerne enigmático. Utopias em odisseias no próprio lugar. Risos que escondem lágrimas geladas de um verão.
É isto? É isto? Pois que acabe!
Crianças que cantam mais alto que os ventos que acariciam as montanhas. Lábios que beijam sem deixar marcas. Palavras traídas esfaqueadas pelo tempo que ninguém escorou. Dedos que descarnam peles demasiado sensíveis para aguentarem uma acoplagem poluída. Correres desesperados por mares de tranquilidade. Pedras que ousam segurar as águas que alguém agitou. Seres superiores inventados pelo desconforto da alma. Bebidas que intoxicam instabilidades hormonais. Pulmões cheios de areias puras e lavadas. E tu que permaneces nessa alienação que enoja a minha visão esventrada.
É isto? É isto? Pois que acabe!
Malditas vidas que pensam mesmo existirem. Malditas existências que pensam mesmo viverem. Fogos que gelam sinapses de alto nível. Túneis sem saída que definem os teus contornos dermatológicos. Pêlos que regem a tua história e a guardam e a arquivam e a mantêm e a seguram e a propagam e a. Um dia tudo acaba sem perceberes porquê. Cavernas de poder que só desoprimidos acolhem. Noites em que gritas enraivecida por uma perda que nem conheceram. Paredes que seguram letras demasiado pesadas para pousarem na palma da tua mão. Frutos sumarentos que te alimentam a sequiosa necessidade. Chuvas descontroladas que te enchem de ar fresco e renascido. E tu que vertes o teu sangue só porque sempre quiseste colorir o mundo.
É isto? É isto? Pois que acabe!
Mortes dolorosas em seios violados por um bisturi qualquer desinfectado. Bombos que estremecem e vibram o teu caixão quando segue seguro pelos mãos dos desconhecidos que choram por ti. Tens tudo para saber que não podes ter nada. Guardas um quadro para que possas mostrar a todos o que foste. Estradas formadas pelos teus olhos e os dos teus antepassados calcados e recalcados por sorrisos puros de naturalidade. Desenhas em papel-moeda só para que nem tentem ver a tua ideia. Preferes esconder a dúzia de letras entre os pêlos da sobrancelha esquerda da filha que nunca chegaste a ter. O livro que compras só para que mais ninguém o possa ler. A música que te rasga os tímpanos imergidos num banho escarlate de fama. O teu sucesso é a tua morte asfixiada pelas tripas das tuas vontades.
É isto? É isto? Pois que acabe!
Leituras inaptas. Palavras que não te podem tocar. Segredos escondidos entre sílabas. Códigos matemáticos que não podes decifrar e muito menos descodificar. Irrealidades metafóricas que apenas podes apreciar de longe. Arte singular. Tempo que insistes em gastar em torno do nada que não te pode penetrar. Esforço medíocre que ousaste empenhar. Horrível humildade que não te permite desistir e que te deixou chegar aqui. Humidade química e escritora. Pobreza extrema que te arranca o pedinte que trabalha para ti. Despe o teu corpo de falsidade. Veste o teu corpo do que fica por pensar. É na tua confusão que reside o meu entendimento e certezas. Para que insistes em tentar? Desiste. Assume-me como o teu desconhecido. Não desejes magias de morte. Estas são e serão as minhas palavras. Sim. Não. Talvez. Sim.
É isto? É isto? Pois já acabou!

1 comentário:

Anónimo disse...

Um dia tudo acaba sem perceberes porquê... adorei esta frase, quanto ao texto já te tinha dito que não o percebi assim mto bem :\

************Lara :)